sábado, 24 de julho de 2010

Celso Furtado e o Brasil - Maria da Conceição Tavares (Org.).



Celso Furtado e o Brasil - Maria da Conceição Tavares (Org.).
Textos de Maria da Conceição Tavares, Francisco de Oliveira, José Luis Fiori, Juarez Guimarães, Wilson Cano, Tânia Bacelar e Regina Nabuco analisam o pensamento e a obra de um dos mais importantes intelectuais brasileiros.
A obra de Celso Furtado pode ser caracterizada por sua preocupação recorrente com o tema da construção da nação diante das diversas formas de dominação internacional e do pacto interno de dominação. Coerentemente, a luta incansável pela verdadeira emancipação nacional tem sido a marca de sua vida como pensador e homem público. Em suas obras mais recentes – que resumem o esforço intelectual de uma vida altamente produtiva – reflete novamente sobre o que considera a fonte primeira da dominação mundial – o controle das inovações tecnológicas – e aponta como elemento central de resistência e de possível superação da fratura social a própria formação e o desenvolvimento de uma cultura nacional.
Celso Furtado não desiste nunca da idéia da necessidade de um projeto nacional capaz de animar a reconstrução do Brasil, mesmo quando a atual conjuntura de desmantelamento do país parece deslocar os resultados desse processo para um horizonte cada vez mais longínquo. No Manifesto da Frente de Esquerda Em defesa do Brasil, da democracia e do trabalho (1999) – que ele assinou, como a maioria dos intelectuais que ainda continuam na luta de resistência às políticas neoliberais –, a epígrafe é uma frase sua, esclarecedora do estado de espírito do mestre: “Em nenhum momento da nossa história foi tão grande a distância entre o que somos e o que esperávamos ser”. Esta mágoa, que compartilho com paixão, decorre de nosso sentimento comum quanto à situação da nação em matéria de destruição das forças produtivas e da própria desorganização da sociedade.“O ponto de partida de qualquer novo projeto alternativo de nação terá que ser, inevitavelmente, o aumento da participação e do poder do povo nos centros de decisão do país”. “Aos intelectuais cabe-lhes aprofundar a percepção da realidade social para evitar que se alastrem as manchas de irracionalidade que alimentam o aventureirismo político; cabe-lhes projetar luz sobre os desvãos da história onde se ocultam os crimes cometidos pelos que abusam do poder; cabe-lhes auscultar e traduzir as ansiedades e aspirações das forças sociais ainda sem meios próprios de expressão.”CELSO FURTADO.

Nenhum comentário:

Postar um comentário