Bruno Latour demonstra uma inesperada conexão entre a tecnologia com a questão da atualidade e a separação entre política e ciência.
Sua atenção se dirige a um fato do cotidiano: a proliferação inesperada dos híbridos nos jornais. Inumeráveis discursos reúnem em uma mesma prédica a política, a ciência e a natureza. Nós, que acreditávamos ser modernos, que acreditávamos ter separado natureza e cultura, ter uma verdade sobre a natureza e um projeto de emancipação puramente humano, que obsessivamente trabalhávamos para delimitar as fronteiras entre o natural e o cultural e entre o mito e a razão, se dermos atenção a estes discursos, nos perceberemos tão totêmicos quanto as sociedades pré-modernas, já desde sempre hibridados com a natureza para constituirmos sociedade. E o que parece nos diferenciar das sociedades ditas 'primitivas' é nossa hybris em nos hibridarmos. A ciência moderna, com seu método experimental, é a prática inventada pelos humanos que ativamente inclui os não-humanos na história humana.“a construção de um fato é um processo tão coletivo que uma pessoa sozinha só constrói sonhos, alegações e sentimentos, mas não fatos” (Latour, 2000: 70).
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