Neste estudo de um caso curioso e sintomático, Francisco de Oliveira trata de ver como a peculariedade duma política regional, a implantação da SUDENE - a tentativa mais estruturada de coordenar o desenvolvimento do Nordeste - se resolve no movimento de reprodução do capital no Brasil.
O particular se esgarça assim num feixe de determinações abstratas, as quais se cruzam para gerá-lo. Daí o desen canto daqueles que buscarão neste ensaio a narração duma estória, pois vão encon trar tão-somente uma história armada pelo capital. Mas se a singularidade se esfumaça para frisar o movimento do universal, nem por isso o caso SUDENE perde seu relevo: o empreendimento de homens, tecidos por intenções, violência e paixão, exemplifica o drama da intervenção do Estado capitalista.
O projeto mais imaginoso e refletido se converte numa arma que o capital, sediado no Centro Sul, dispara com o fito de absorver, no seu movimento de reposição, uma fímbria econômica e social, que se desdobrava em outro ritmo. Fracassa o empenho das classes populares, encarnadas na figura do Governo Arrais, mas esse fracasso, que as contém em limites convenientes, é o instrumento pelo qual a velha oligarquia é solapada. Aqui nasce a dimensão trágica deste caso: o projeto de homens é triturado pelas maxilares do destino.
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