Cesar Zucco Jr. (Pesquisador Associado IUPERJ).
Depois de se tornar conhecida pela extrema instabilidade política e pela inflação mais alta do mundo, na década de 1980, a Bolívia passou por um radical processo de estabilização que a retirou das manchetes brasileiras. O vizinho país voltou a despertar um crescente interesse no Brasil a partir do final da década de 1990, com as descobertas de grandes reservas de gás natural que hoje abastecem os centros consumidores do Sudeste e Sul brasileiros. Mais recentemente, no contexto da "guinada à esquerda" na região, os fatos políticos que antecederam e sucederam a histórica chegada de Evo Morales ao poder têm alimentado um crescente interesse no país.
Hoje, a Bolívia é um país dividido.
Suas divisões internas são relevantes no cenário sul-americano não só por seu caráter simbólico onde "esquerda'' e "direita'' travam o mais direto embate como também porque se manifestam nas relações diretas do país com os seus vizinhos. Disputas políticas domésticas podem ter efeitos em questões externas que vão do fornecimento de gás aos acordos de integração, passando pelo tratamento dispensado a investidores externos. Como os principais eixos do conflito político doméstico, étnico, socioeconômico e ideológico, estão hoje articulados em termos regionais, para se entender a divisão política da Bolívia é preciso começar por sua geografia.
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