Multiculturalismo - Charles Taylor
A nossa identidade, diz Taylor, é construída a partir do reconhecimento dos outros. O não reconhecimento ou o reconhecimento não adequado pode ser uma ofensa ou uma injustiça [...] Nos tempos pré-modernos, o reconhecimento não constituía um problema, uma vez que estava construído sobre uma hierarquia de desempenhos sociais. Contudo, no século XVIII, duas coisas sucederam: a dignidade substituiu a hierarquia e a identidade pessoal passou a ser encarada como vinda de dentro. A identidade era, agora, algo que cada pessoa tinha de alcançar sendo verdadeiro para com o seu autêntico ser. Mas a identidade, mesmo quando vinda de dentro, requer a confirmação pelos outros, sendo que a compreensão própria, de acordo com Taylor, é dialógica e não monológica. O multicultural luta pelas minorias e outros grupos, tal como certas formas de feminismo, procurando o reconhecimento dos membros destes grupos que necessitam estabelecer uma forte identidade. A política do reconhecimento igual, afirma Taylor, surgiu com dois significados diferentes: Por um lado, o reconhecimento igual é assegurado por um idêntico cabaz de direitos e imunidades para todos, assente nas universais características humanas e na cegueira para as diferenças utilizadas com fins discriminatórios. Por outro lado, o reconhecimento igual requer direitos e autorizações especiais para grupos aviltados ou cuja cultura se encontra limitada. Para esta política de diferença a diferença cega equivale a negligenciar e fazer desaparecer gente diferente.
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